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Homenagem a Stella Leonardos
98 anos
01/08/1923

Depoimentos
 
Acad. Edir Meirelles

STELLA LEONARDOS
98 Anos festejados pela Academia Carioca de Letras

Saúdo a Academia Carioca de Letras pela iniciativa de homenagear à imortal Stella Leonardos, primeira mulher a presidir essa entidade por dois períodos.

Festejar os 98 anos de nascimento da escritora Stella Leonardos é uma necessidade acadêmica imperiosa, como deve ser nos anos subsequentes. Festejada pelos quatro cantos do Brasil como a mais expressiva escritora e cultora das terras, gentes e costumes de Pindorama. É reconhecida além de nossas fronteiras.

No dia 6 de dezembro de 2014 festejamos no Rio de Janeiro o culto à Língua Portuguesa. Os organizadores do evento “capitaneado pelos ilustres pensadores Loryel Rocha e Manuel J. Gandra decidiram que a pessoa homenageada seria nada menos que a extraordinária escritora brasílico-lusófona Stella Leonardos”.

Fui incumbido de falar sobre Stella. Assim manifestei:
“Celebrando a FESTA DA LÍNGUA – Mostra cultores e cantares da Língua Portuguesa pelos seus 800 ANOS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Se considerarmos que o nosso idioma é a nossa Pátria, estamos festejando o que há de melhor da criação humana – o idioma - a lusofonia. A glória de Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Guimarães Rosa, Lima Barreto, Cecília Meireles.”

Meu convívio com Stella vem dos primórdios dos anos 90. Sou testemunha ocular de sua competência, dinamismo e entusiasmo na luta em favor da cultura e, em prol do idioma. Stella é, sem dúvida, a mais importante escritora da atualidade e uma das mais respeitáveis do universo lusófono. Domício Proença Filho, Reynaldo Valinho Alvarez e eu, tomamos posse na ACL, em solenidade memorável, sob a presidência de Stella.

Praticamente não houve temática que nossa estrela, não tenha debruçado e elaborado uma obra literária. Stella demonstra sensibilidade para os problemas sócio culturais de nossa gente. É uma escritora prolífera. Conta, hoje, mais de duzentos e trinta obras publicados. Pela qualidade apurada, estilo marcante, temática variada, com uma multiplicidade de gêneros impressionantes foi merecedora de inúmeros prêmios literários.

Festejada pela Academia Carioca de Letras, Ícone da União Brasileira de Escritores do RJ, premiadíssima pela Academia Brasileira de Letras com, pelo menos nove premiações.

Antonio Olinto, nosso saudoso confrade, afirmou com sabedoria que a “poesia abrangente de Stella Leonardos significa uma verdadeira integração nacional”.

Stella possui um senso agudo da poesia, do romanceiro é mestra, seu teatro é profundo e envolvente, sem se esquecer da História. Na poesia é artesã consagrada. E, falando da história de nossa gente e de outros povos, sabe como ninguém garimpar os aspectos mais significativos e recônditos da memória ancestral.

De seu enigmático livro – Memorial da Casa da Torre, publicado em 2010. Stella fala dos autóctones brasílicos no poema:

IN MEMORIAM

No barro destes tijolos
por mãos índias acalcado
quanta voz índia não dorme?

Na Alvenaria da pedra
por mãos afras carregada
quanta voz negra não pesa?

Na torre deste Castelo
por brancos rostos vigiada
quanta saudade não se ergue?

Do livro Irmão Índio, Irmã Água, com posfácio da escritora Alice Spíndola, fisgamos esta pérola:

“Carioca por privilégio. Stella sabe ao talento da convivência, com admirável carisma, rapidamente, se torna cúmplice de nossos receios e de nossos segredos. Sobre este místico convívio, o escritor e antropólogo potiguar Oswaldo Lamartine a define: “Stella é alfenim”...

Stella Leonardos é, entre nós, uma figura extraordinária, quase mítica, tamanha a sua importância para seus pares escritores. Uma mulher que tudo fez em prol do engrandecimento da classe, pela divulgação da cultura brasileira. Verdadeira Estrela no Cenário Cultural Brasileiro. Presidiu a Academia Carioca de Letras por dois períodos e, foi decana do PEN Clube do Brasil.

A simplicidade desta homenageada se assemelha aos princípios franciscanos. Stella é dotada de uma ternura tocante, doce no trato com as pessoas e uma lhaneza comovente. É uma mulher encantadora. Com ela tenho muita afinidade. Nossos pensamentos por vezes parece que se cruzam. Certa ocasião fiz uma visita de saudades à Bahia. Mais especificamente à cidade de São Salvador. Fui com a família e lá, entre outros locais visitamos a Praia da Torre e o Farol da Torre. Encantei-me com o sítio, com o local e com os aprendizados adquiridos. Visitei também outras localidades do nordeste. Retornei ao Rio de Janeiro com a mente ainda no Farol da Torre. Para minha surpresa, no dia seguinte ao meu retorno ao Rio, chegava o Seu Pereira, mensageiro de sua confiança. Trazia-me autografado o livro com o título de Memorial da Casa da Torre que dá sequência ao seu ousado Projeto Brasil.

Assim é a imprevisível e incansável Stella. Fiquei maravilhado com a obra e com a coincidência... alarguei e sedimentei meus conhecimentos.

Memorial da Casa da Torre é um estudo epilírico, histórico poético sobre a gênese da Bahia, raízes de nossa brasilidade.

Festejada pela Academia Carioca de Letras. Ícone da União Brasileira de Escritores (UBE-RJ), dedicou-se totalmente à essa entidade desde sua criação como Secretária-Geral até seus últimos dias de vida. Quando se transformou em estrela de primeira grandeza, propus e a Diretoria aprovou que o dia de seu nascimento, 1º de agosto, passasse a ser comemorado como o Dia da Democratização da Cultura. Sonho e expressão pela qual a homenageada se bateu ao longo de sua existência.

Salve imortal Stella Leonardos!
Salve o Dia da Democratização da Cultura!
Edir Meirelles
Vila de Noel, Rio, RJ, 29/8/2021

 
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